Blog da Associação Portuguesa de Cister (Apoc)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sermão de S. Bernardo

La auténtica conversión del alma

“Escuchemos: Convertíos a mí de todo corazón. Hermanos, si sólo hubiera dicho: convertíos, sin añadir más, quizá podríamos responder tranquilamente: “Ya lo hemos hecho,puedes mandarnos otra cosa”. Pero yo creo que aquí nos pide una conversión espiritual, que no se consigue en un día. ¡Ojalá pueda realizarse a lo largo de nuestra vida corporal! La simple conversión corporal no vale nada. Sería una conversión ficticia, no real; una virtud hueca so capa de piedad. ¡Qué miserable es el hombre que se entrega exclusivamente a lo exterior e ignora su interioridad! Se tiene en algo, siendo pura nada, y él mismo se engaña. Estoy como agua derramada -dice el salmista poniéndose en lugar de ese hombre- y tengo los huesos descoyuntados. Otro profeta añade: Los extranjeros le han comido su vigor, y él sin enterarse. Atento a lo exterior, piensa que todo lo demás está sano y no advierte el gusano escondido que roe sus entrañas. Conserva la tonsura, no ha colgado los hábitos, observa los auyunos regulares, salmodia a las horas establecidas, pero su corazón está lejos de mí, dice el Señor”.

(Bernardo de Claraval, Sermones litúrgicos (1º.), sermones en el tiempo de Cuaresma, 2, a cargo de los monjes cistercienses de España, BAC 469, Madrid 1985, p. 415).

sábado, 20 de fevereiro de 2010

HOMILIA DO JUÍZO FINAL




TENHO em encontro com Deus:
– José!
onde estão tuas mãos que eu enchi
de estrelas?

– Estão aqui, neste balde de juçaras
e sofrimentos.


Poema de José Sarney
in Os Maribondos de Fogo

Ilustração de Carlos Carreiro

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O PODER DE DEUS...


O poder infinito de Deus não está na tempestade, mas na brisa...

Rabindranath Tagore

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mosteiro de Cástris

O mosteiro feminino de Cástris, erguido nos arrabaldes de Évora, aceitou a observância cisterciense na segunda metade do século XIII. Foi um dos poucos mosteiros da Ordem de Cister a sul do Tejo.
A Professora Doutora Antónia Fialho Conde apresentou no passado dia 5 de Fevereiro um excelente livro sobre este mosteiro - Cister a sul do Tejo: O mosteiro de S. Bento de Cástris e a Congregação Autónoma de Alcobaça (1567-1776) - um completo estudo sobre o período que decorre entre a constituição da Congregação de Alcobaça (e a incorporação do mosteiro de Cástris na congregação) e o abandono do mosteiro por parte das monjas, na sequência da legislação pombalina de 1775.
O presidente da APOC participou na apresentação do livro, a qual decorreu na magnífica sala da Biblioteca Pública de Évora.

O ACENO DE DEUS...





Para além da janela, a luz que me incendiou a alma...

Através da vidraça, Deus acenou-me com um raio de sol, e as pedras do velho mosteiro receberam a sua carícia e emudeceram...

Por momentos ali fiquei, humilde e cativa, esperando eternizar o que então senti...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

FUGAZ ENCONTRO...

Como era da regra, os mosteiros cistercienses deviam ser erigidos em lugares ermos, onde corresse um rio ou um riacho. O Mosteiro Cisterciense de Oseira encontra-se entre montanhas, bosques e campos verdes. Tudo ao seu redor é harmonioso e belo. Como neste recanto, junto ao riacho, propício a encontros fugazes com Deus.




O Sol da manhã projectava sombras fugidias entre o arvoredo.
As águas do riacho cantavam baixinho, não fossem despertar o silêncio.
Era cedo ainda.

Entretanto, Deus, que por ali se enternecia com a beleza serena da Natureza que criara, entreteve-se a pintar naquelas águas límpidas, onde o céu de um azul resplandecente se mirava, a folhagem que vestia as centenárias árvores, de um verde inebriante.

E o pequeno riacho encheu-se então de cor e de formas, transformando-se numa efémera obra de arte, que o meu olhar tornou eterna.

Eu também andava por ali, embevecida com a paisagem. Senti o suspiro de Deus, quando a folhagem se agitou levemente. Movia-me com cuidado, para não perturbar o fascínio da manhã.

Olhei então as águas do riacho, e nelas contemplei, por breves momentos, aquele quadro impressionista, pintado (sabia-o eu) pelas mãos invisíveis do mais talentoso entre os demais talentosos pintores.

Eu não vi Deus com os meus olhos mortais, quando me passeava por entre o arvoredo, grandioso e belo… Captei simplesmente a Sua presença, ali, entre toda aquela beleza, que homem algum jamais poderá igualar, com a minha alma que sei imortal, e tento manter liberta, para que possa desfrutar destes, ainda que fugazes, encontros com que Deus me recompensa do tormento que é viver numa selva de pedra.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A ESPIRITUALIDADE QUE ME CATIVOU




Era o ano de 1992. Pela primeira vez visitava o Mosteiro de Santa Maria Real de Oseira (Ourense).


Foi aqui, no silêncio deste belíssimo claustro, que então descobri a espiritualidade cisterciense. Pisando aquelas velhas pedras, ao cair da tarde, quando o Sol, que se vai, deixa marcado no chão o desenho das vidraças, sentindo o silêncio, onde Deus vive, arrebatou-me um sentimento estranho: era como se aquelas pedras me sussurrassem os seus antiquíssimos segredos, histórias de monges, que ergueram aquelas ruínas para viverem uma vida solitária, com Deus.

A vida cisterciense é essencialmente contemplativa, sem nenhum ministério externo. Os monges não arrebanham ovelhas. Esperam que elas vão até eles por livre iniciativa, por inteira vocação.
«Ora et labora» é a divisa beneditina, e estes monges brancos fazem da sua vida uma entrega total a Deus, pois é do Ser Supremo que tudo emana.

Em Oseira predomina a espiritualidade monástica, e segundo palavras de Frei Damián, talvez se devesse a esta perenidade de valores, a afluência, naquela altura, de jovens a Cister.

Apesar da austeridade da vida monástica cisterciense, ela está adaptada aos tempos de hoje. O dia começa às quatro da manhã e termina às nove e meia da noite, sendo repartido entre a oração e o trabalho, num tal equilíbrio que não torna monótono o seu quotidiano. Há também tempo livre para a formação espiritual e científica, para ler, ou simplesmente passear e partilhar com Deus a Natureza envolvente: um belíssimo bosque e um riacho.
Nos ofícios divinos, distribuídos pelas horas canónicas, os cânticos elevam-nos às alturas, e consolida-nos a fé.

E foi ali, no Mosteiro de Oseira, onde nas mãos da Virgem Maria os monges colocam o mérito de uma vida de total consagração a Deus, que eu própria me reencontrei com Deus.
Mérito, que conforme escreveu Frei Damián, «não deixará de ser aceite aos olhos de Deus, quando é oferecido por mãos virginais, que no sentir de São Bernardo, estão impregnadas do perfume das açucenas».

E esse perfume sente-se quando ao cair da tarde, nos passeamos no claustro, pisando um chão de luz...