Blog da Associação Portuguesa de Cister (Apoc)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Boas Festas



A APOC - Associação Portuguesa de Cister
deseja um Santo Natal e um óptimo Ano Novo.

O espírito de Tibhirine

Uma comovente entrevista do cineasta Xavier Beauvois, realizador do filme "Dos Homens e dos Deuses", filme que quis fazer com o rigor que a vida monástica lhe inspirava.
A entrevista é de Jean-Claude Raspiengeas e está publicada no jornal francês La Croix, 18-05-2010.

Em que momento da sua vida se impôs a necessidade de rodar este filme sobre os monges de Tibhirine?
Eu estou ficando velho. Eu refleti sobre o sentido da vida. Este projeto veio no momento certo. Eu reuni muitos documentos sobre eles. Procurei descobrir quem eles eram. Descobrindo, eu fui seduzido, fiquei apaixonado por eles. Toda a equipe, depois – atores, técnicos –, experimentou este sentimento.
Eu me senti habitado por eles e eu senti prazer. Eu tive a impressão, em alguns momentos, de que eles me falavam. Eu me encontrei com o irmão Jean-Pierre [um dos dois sobreviventes], um homem santo. Eu vi a bondade nos seus olhos. Tantas coisas que saíram deste homem... Contemplar seu sorriso me encorajou a entrar nesta aventura, para propagar a sua mensagem.
Você diz que ficou apaixonado por eles?
Eles tiveram essa coragem. Ter uma arma kalashnikov apontada para a cabeça. Ficar lá, não vacilar na sua vontade de testemunhar, de permanecer com e entre esta população, tão próximos de seus vizinhos, do outro. Para mim, eles são aventureiros, artistas do amor, contemplativos e intelectuais. E este dom de si: é isto que mais falta hoje.
Você pode ser padre, monge, e se interessar pelo Islã, se apaixonar por esta outra religião. Falamos tanto e tantas vezes o que está errado. Fiquei feliz por filmar uma convivência feliz entre os monges cristãos e a população muçulmana.
O Festival de Cannes age como um alto-falante para ouvir a palavra desses irmãos. Meu trabalho é de captar a luz com uma máquina e, em seguida, com uma outra para espalhá-la por todo o mundo. Espero que onde estiverem agora, estejam orgulhosos de nós.

Da sua permanência no mosteiro de Tamie, em Savoy, para preparar o filme, você diz ter extraído os princípios morais para a sua montagem. Quais?
Sem complicações com a câmera. Nada de andar durante as missas, durante a elevação ou quando os monges mostram o corpo de Cristo. Dar lugar de destaque às suas canções, aos Salmos. Não fazer imagens, mas planos.
Adotar o mesmo rigor da sua vida monástica. Eu sempre pensei nas famílias. Eles ainda não viram o filme. Eu quero muito que o vejam. Estou mais preocupado com as reações deles do que com a crítica.

Como você sentiu a presença desses irmãos nas filmagens no Marrocos?
Vou dar um exemplo. Fiz um molde de suas cabeças cortadas para o final. Quanto mais o tempo passava, mais sentia que os monges me diziam: faça um bom filme, mas pense também nas nossas famílias.
E então um dia, quando nos aproximávamos do dia da filmagem, a neve, inesperada, imprevisível, caiu durante quarenta e oito horas. Como se eles me dessem a resposta para o problema que me colocavam. Terminei o filme com esse dom vindo do céu que respeita a sua integridade, sem atentar contra a dor de seus familiares.
O tempo das filmagens foram os dois meses mais bonitos da minha vida. Um perpétuo estado de graça. Tudo era simples, límpido, fácil, óbvio, estranho e bonito. Sim, o espírito de Tibhirine soprou sobre nós. Ele existe. Espero que toque o festival e faça bem a todos. Dentro de dois dias, será o 14º aniversário de sua morte. Domingo, dia de Pentecostes, vai coincidir com o achado do testamento do Irmão Christian...

Em que a mensagem dele o transformou pessoalmente?
Falemos e tudo será melhor. Estendamos a mão. Fiquei tocado por essa mensagem e o exemplo de suas vidas. Não vejo mais o mundo da mesma maneira. Estou mais sereno. Antes, eu pensava que não poderíamos mudar nada. Os irmãos de Tibhirine me ensinaram que sempre podemos.

Roteiro cisterciense


De Bernard Peugniez, autor deste roteiro de abadias cistercienses, recebemos a carta que publicamos:

Senhora, Senhor,
As edições do “Roteiro das Abadias Cistercienses da França” (1994, Edições Signe) e do “Roteiro Cisterciense da França, Bélgica, Luxemburgo e Suiça” (2001, Edições Gaud) estão esgotadas. No seu tempo, receberam o êxito que mereciam.
No contexto actual da ideia europeia e sobretudo da nossa cultura comum, é evidente que a rede dos mosteiros cistercienses que marca o nosso continente é um factor importante de aproximação, de intercâmbio, de partilha de conhecimento e por isso de consolidação das relações entre indivíduos, grupos e nações. Torna-se necessário um bom guia que facilite as viagens e as visitas dos que, como o autor, respiram a beleza e o mistério da vida cisterciense, recorrendo à arquitectura e à história desses locais que irradiam um poder singularmente tranquilizante.
As Editions du Signe e o autor (que percorre a Europa há mais de 40 anos) apresentam um “Roteiro Europeu de Mosteiros e Sítios Cistercienses” (data de publicação: Abril de 2011, na versão francesa, seguida dentro de um ano das versões inglesa, alemã, italiana, espanhola, etc. …). Esta obra conterá referências a mais de 850 monumentos, com textos escritos pelo autor e mencionará ainda 1350 outros locais do património cisterciense.
Para atingir este objectivo precisamos da vossa colaboração nos seguintes aspectos.
1) Preenchimento cuidadoso da ficha de identificação anexa. É indispensável para dar ao público informação sobre localização e acesso
2) Envio de fotografias de boa qualidade (3 ou 4), livres de direitos de autor, com menção deste. Uma vista aérea será sempre benvinda.
Compreenderão que tomamos todas as medidas no intuito de apresentar uma obra com um preço ao público moderado.
A vossa informação terá de nos chegar antes de 31 de SETEMBRE de 2010; este prazo não será alargado em caso algum.
Com os nossos agradecimentos apresentamos os melhores cumprimentos
O autor, Bernard PEUGNIEZ
O editor, Christian RIEHL
Para o envio
e-mail: routierdeciteaux@aol.com
correio: Bernard PEUGNIEZ, le Clos des Cistels
62870 DOURIEZ, França

P.S. Esta carta é dirigida às comunidades, proprietários, animadores dos sítios, quer tenham carácter religioso, cultural ou turístico ou se trate de residências privadas. Deve chegar às mãos da pessoa autorizada a dar a informação pretendida. Pode ser difundida a outras entidades.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Dos Homens e dos Deuses" na Figueira

No próximo dia 17 de Dezembro, 6ª feira, pelas 21.30H, será exibido no CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz o imperdível filme "Dos Homens e dos Deuses".

sábado, 4 de dezembro de 2010

Dos Homens e dos Deuses

O filme do realizador francês Xavier Beauvois, que relata o drama dos monges trapistas de Tibhirine, é magnífico desde logo dum ponto de vista cinematográfico. O realizador narra com maestria uma grande história, na qual os retratos psicológicos dos monges são tratados com grande respeito e sensibilidade.

Numa cena, um dos monges, depois de explicar que não teme a morte, diz de si próprio: "laissez passer l' homme libre...". É uma frase chave que pode resumir toda a história.

Mas algo torna este filme muito especial: o cuidado que foi posto na reconstituição do ambiente monástico. O resultado é impecável e por vezes comovedor. A vida do mosteiro é patente com todo o rigor, quer no que se mostra quer naquilo que simplesmente se sugere.

Está lá a vida de um mosteiro cisterciense-trapista de hoje em dia: a oração, a liturgia, o trabalho, o capítulo, o refeitório comum, etc...

O trailer:

A história:
O belíssimo testamento espiritual do P. Christian, Superior do mosteiro:

Um filme a ver e a rever!