Blog da Associação Portuguesa de Cister (Apoc)

domingo, 29 de maio de 2011

Centenário de S. Rafael Arnáiz


CENTENÁRIO (1911 – 2011)

Rafael Arnáiz Barón nasceu em Burgos no dia 9 de Abril de 1911. Estudava Arquitectura em Madrid quando sentiu a chamada de Deus e, renunciando ao brilhante futuro que lhe auguravam os seus sucessos académicos e o meio social em que se criou, ingressou no Mosteiro Cisterciense de S. Isidro de Dueñas, conhecido por Trapa, em Janeiro de 1934. Aí se entregou com gozo e generosidade a Deus na vida monástica.
A vida cisterciense é uma vida monástica dedicada unicamente à busca de Deus no seio de uma comunidade de irmãos, na solidão e no silêncio, no trabalho, principalmente manual, na Liturgia das Horas, na escuta da Palavra de Deus na Lectio Divina, que é leitura e oração, na obediência humilde a um abade. Os monges cistercienses vivem no coração da Igreja uma vida consagrada a Deus para bem de todos os homens.
Fascinado por Deus, Rafael descobriu que a vida monástica era o seu caminho, porque sentiu que Ele o chamava a viver só para O buscar numa vida oculta, a do não ser, a fim de ser unicamente para Deus. E porque não queria que a sua vida fosse outra coisa mais que um acto de amor e queria amar a Jesus com frenesi, numa expressão sua, teria querido deixar de viver se pudesse viver sem o amar.
Estas expressões, que noutro poderiam parecer uma mera aspiração piedosa, vazia de conteúdo, em Rafael tinham um sentido muito profundo, como teve ocasião de demonstrar em vida, sobretudo quando passou pela dura prova de uma grave doença que o obrigou a sair repetidas vezes do mosteiro, voltando outras tantas vezes a retomar a vida monástica. Esta doença, que o levaria para o Pai em pouco tempo, foi o cadinho do seu caminho de Fé. Purificado no amor e na dor, Rafael, de carácter jovial e comunicativo, atractivo a todos os que com ele conviviam, fez-se cada dia mais transparente a Deus, ao seu Espírito e aos homens.
Santificado na gozosa fidelidade à vida monástica e na aceitação amorosa dos planos de Deus, consumou a sua vida terrena na madrugada de 26 de Abril de 1938, acabados de cumprir os 27 anos. A sua fama de santidade estendeu-se rapidamente muito para lá dos muros do mosteiro e os seus numerosos escritos, de uma profundidade espiritual sublime, são acolhidos e reclamados em todas as partes.
Em Agosto de 1989, o Papa João Paulo II propô-lo como modelo aos jovens reunidos em Santiago de Compostela por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, proclamando-o Beato a 27 de Setembro de 1992. Foi canonizado pelo Papa Bento XVI, em Roma, no dia 11 de Outubro de 2009.
Neste ano de 2011, no qual se comemora o centenário do seu nascimento, S. Rafael é um dos nove patronos da Jornada Mundial da Juventude de Madrid. Resposta imediata ao chamamento do Senhor, abandono nas mãos de Deus, aceitação do sofrimento com alegria, deixar que Deus seja a sua felicidade, são estas as suas virtudes que se apresentam aos jovens como modelos a seguir.
Os escritos de S. Rafael Arnáiz (cartas e opúsculos), que ele nunca escreveu com o intuito de os publicar, encontram-se recolhidos em livros, quer no original espanhol quer em traduções em várias línguas. De igual modo, muitos estudos e livros têm sido publicados nos últimos anos sobre a sua vida e a sua espiritualidade. Em língua portuguesa, encontra-se traduzido e editado pela Paulinas Editora o livro SABER ESPERAR, preciosa colectânea de pensamentos do santo organizada por Frei Damián Yáñez Neira, monge cisterciense que foi companheiro de noviciado de Rafael e que com ele privou.

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