quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
O espírito de Tibhirine
A entrevista é de Jean-Claude Raspiengeas e está publicada no jornal francês La Croix, 18-05-2010.
Em que momento da sua vida se impôs a necessidade de rodar este filme sobre os monges de Tibhirine?
Eu me senti habitado por eles e eu senti prazer. Eu tive a impressão, em alguns momentos, de que eles me falavam. Eu me encontrei com o irmão Jean-Pierre [um dos dois sobreviventes], um homem santo. Eu vi a bondade nos seus olhos. Tantas coisas que saíram deste homem... Contemplar seu sorriso me encorajou a entrar nesta aventura, para propagar a sua mensagem.
Eles tiveram essa coragem. Ter uma arma kalashnikov apontada para a cabeça. Ficar lá, não vacilar na sua vontade de testemunhar, de permanecer com e entre esta população, tão próximos de seus vizinhos, do outro. Para mim, eles são aventureiros, artistas do amor, contemplativos e intelectuais. E este dom de si: é isto que mais falta hoje.
Você pode ser padre, monge, e se interessar pelo Islã, se apaixonar por esta outra religião. Falamos tanto e tantas vezes o que está errado. Fiquei feliz por filmar uma convivência feliz entre os monges cristãos e a população muçulmana.
O Festival de Cannes age como um alto-falante para ouvir a palavra desses irmãos. Meu trabalho é de captar a luz com uma máquina e, em seguida, com uma outra para espalhá-la por todo o mundo. Espero que onde estiverem agora, estejam orgulhosos de nós.
Da sua permanência no mosteiro de Tamie, em Savoy, para preparar o filme, você diz ter extraído os princípios morais para a sua montagem. Quais?
Sem complicações com a câmera. Nada de andar durante as missas, durante a elevação ou quando os monges mostram o corpo de Cristo. Dar lugar de destaque às suas canções, aos Salmos. Não fazer imagens, mas planos.
Adotar o mesmo rigor da sua vida monástica. Eu sempre pensei nas famílias. Eles ainda não viram o filme. Eu quero muito que o vejam. Estou mais preocupado com as reações deles do que com a crítica.
Como você sentiu a presença desses irmãos nas filmagens no Marrocos?
Vou dar um exemplo. Fiz um molde de suas cabeças cortadas para o final. Quanto mais o tempo passava, mais sentia que os monges me diziam: faça um bom filme, mas pense também nas nossas famílias.
E então um dia, quando nos aproximávamos do dia da filmagem, a neve, inesperada, imprevisível, caiu durante quarenta e oito horas. Como se eles me dessem a resposta para o problema que me colocavam. Terminei o filme com esse dom vindo do céu que respeita a sua integridade, sem atentar contra a dor de seus familiares.
O tempo das filmagens foram os dois meses mais bonitos da minha vida. Um perpétuo estado de graça. Tudo era simples, límpido, fácil, óbvio, estranho e bonito. Sim, o espírito de Tibhirine soprou sobre nós. Ele existe. Espero que toque o festival e faça bem a todos. Dentro de dois dias, será o 14º aniversário de sua morte. Domingo, dia de Pentecostes, vai coincidir com o achado do testamento do Irmão Christian...
Em que a mensagem dele o transformou pessoalmente?
Falemos e tudo será melhor. Estendamos a mão. Fiquei tocado por essa mensagem e o exemplo de suas vidas. Não vejo mais o mundo da mesma maneira. Estou mais sereno. Antes, eu pensava que não poderíamos mudar nada. Os irmãos de Tibhirine me ensinaram que sempre podemos.
Roteiro cisterciense
De Bernard Peugniez, autor deste roteiro de abadias cistercienses, recebemos a carta que publicamos:
Senhora, Senhor,
As edições do “Roteiro das Abadias Cistercienses da França” (1994, Edições Signe) e do “Roteiro Cisterciense da França, Bélgica, Luxemburgo e Suiça” (2001, Edições Gaud) estão esgotadas. No seu tempo, receberam o êxito que mereciam.
No contexto actual da ideia europeia e sobretudo da nossa cultura comum, é evidente que a rede dos mosteiros cistercienses que marca o nosso continente é um factor importante de aproximação, de intercâmbio, de partilha de conhecimento e por isso de consolidação das relações entre indivíduos, grupos e nações. Torna-se necessário um bom guia que facilite as viagens e as visitas dos que, como o autor, respiram a beleza e o mistério da vida cisterciense, recorrendo à arquitectura e à história desses locais que irradiam um poder singularmente tranquilizante.
As Editions du Signe e o autor (que percorre a Europa há mais de 40 anos) apresentam um “Roteiro Europeu de Mosteiros e Sítios Cistercienses” (data de publicação: Abril de 2011, na versão francesa, seguida dentro de um ano das versões inglesa, alemã, italiana, espanhola, etc. …). Esta obra conterá referências a mais de 850 monumentos, com textos escritos pelo autor e mencionará ainda 1350 outros locais do património cisterciense.
Para atingir este objectivo precisamos da vossa colaboração nos seguintes aspectos.
1) Preenchimento cuidadoso da ficha de identificação anexa. É indispensável para dar ao público informação sobre localização e acesso
2) Envio de fotografias de boa qualidade (3 ou 4), livres de direitos de autor, com menção deste. Uma vista aérea será sempre benvinda.
Compreenderão que tomamos todas as medidas no intuito de apresentar uma obra com um preço ao público moderado.
A vossa informação terá de nos chegar antes de 31 de SETEMBRE de 2010; este prazo não será alargado em caso algum.
Com os nossos agradecimentos apresentamos os melhores cumprimentos
O autor, Bernard PEUGNIEZ
O editor, Christian RIEHL
Para o envio
e-mail: routierdeciteaux@aol.com
correio: Bernard PEUGNIEZ, le Clos des Cistels
62870 DOURIEZ, França
P.S. Esta carta é dirigida às comunidades, proprietários, animadores dos sítios, quer tenham carácter religioso, cultural ou turístico ou se trate de residências privadas. Deve chegar às mãos da pessoa autorizada a dar a informação pretendida. Pode ser difundida a outras entidades.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
"Dos Homens e dos Deuses" na Figueira
sábado, 4 de dezembro de 2010
Dos Homens e dos Deuses
domingo, 28 de novembro de 2010
ACTAS à venda em Lisboa
domingo, 21 de novembro de 2010
Os Mártires da Argélia
Todos de origem francesa, com formação monástica nos mosteiros de Bellefontaine, Aiguebelle e Tamié, dos nove monges apenas sobreviveram dois, o P. Amadee e o P. Jean Pierre.
Os sete mártires são os seguintes, conforme a foto:
Em cima: à esquerda, o Padre Christophe; à direita o Padre Christian
Ao centro: à esquerda, Frei Michel; à direita Padre Bruno
Em baixo: à esquerda o Padre Célestin; ao centro Frei Luc; à direita o Padre Paul
(como referencia para ler a imagem correctamente, o Padre Christian é o único de óculos)
Hermínio Nunes
domingo, 14 de novembro de 2010
Filme a não perder
Dos Homens e dos Deuses
Em 1996, sete monges da Ordem Cisterciense da Estrita Observância são raptados e assassinados em Tibhirine, aldeia aninhada na região argelina do Magrebe. É o culminar da escalada de violência que opõe o Grupo Islâmico Armado (GIA), extremista, ao governo que acusa de corrupto.
O impacto deste horrível desaparecimento, cujos contornos exactos estão ainda por esclarecer, estende-se até aos nossos dias, levado agora ao cinema sob direcção do realizador francês Xavier Beauvois.
A obra, reconhecida com o Grande Prémio do Festival de Cannes e merecedora da forte e comovida chuva de aplausos que encheram o Palais des Festivals na noite do passado 23 de Maio, é uma extraordinária ode à fé, ao amor ao próximo e ao espírito de serviço que cumpre, em estilo e estrutura narrativa, o despojamento do seu sujeito.
Com efeito, é-nos dado comungar a forma abnegada como uma comunidade de homens lida com uma realidade adversa para a qual não contribui senão com a sua vocação de amor e dádiva. Uma vocação reafirmada ao arrepio das pressões externas para abandonarem a aldeia que servem à sua sorte.
Sem ceder a tentações sensacionalistas, Beauvois desvenda aos nossos olhos o dia-a-dia daquele pequeno mosteiro de Tibhirine, dos seus sete habitantes e da pacata população da aldeia local, induzindo progressivamente o adensar do contexto violento que involuntariamente envolve uns e outros.
Simples e acessível, a linguagem fílmica pretere o horror dos acontecimentos, trágicos, e da crescente violência, ao espírito com que aquela irmandade os enfrenta. Um espírito sustentado na sua extraordinária força e revitalizado na dúvida e fraqueza pela oração, pelo permanente desejo de união e comunhão, pelo tempo e oportunidade concedidos ao discernimento.
Mais que um nefasto episódio da história política ou religiosa, estamos perante uma obra que nos propõe um caminho, pela busca do verdadeiro sentido da vida: o que os sete monges sacrificados, na sua fé cristã, encontraram, e que Xavier Beauvois tão bem percorre, alumiando-o para crentes e não crentes.
Margarida Ataíde
Congresso das Ordens Religiosas
A Ordem de Cister esteve presente nalgumas comunicações e nas notáveis conferências de D. Carlos Azevedo (conferência inaugural) e do Professor José Mattoso (conferência de encerramento), nas quais ficou bem expressa a importância dos cistercienses na História de Portugal.
Destacamos 5 comunicações de versaram directamente sobre a Ordem de Cister, todas elas da autoria de conhecidas investigadoras:
- “Os mosteiros cistercienses femininos em Portugal no período pombalino”, de Maria Antónia Conde.
- “Estudo sobre os Hinos da Ordem de Cister existentes nos antifonários de proveniência portuguesa”, de Mara Fortu.
- “Cister em Portugal segundo uma perspectiva arquitectónico”, de Ana Maria Tavares Martins.
- “Isabel de Aragão e a Ordem de Cister em Portugal”, de Giulia Rossi Vairo.
- “Os cistercienses de Alcobaça e o desenvolvimento da prosa literária medieval escrita em português”, de Aida Lemos.
Destaque-se que as quatro primeiras autoras estiveram presentes no nosso IV Congresso Internacional sobre Cister em Portugal e na Galiza e que os trabalhos que então apresentaram se encontram nas actas recentemente publicadas.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Apresentação das ACTAS em BRAGA
"clique sobre a figura para ler"
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Apresentação das ACTAS do Congresso de Braga-Oseira
Congresso sobre Ordens Religiosas
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Encontro Monástico Cisterciense na GUARDA
O LAMENTO DE DEUS...
O bosque está tingido com as cores do Outono.
O riacho passa apressado, em direcção ao seu destino, murmurando mistérios, enquanto faz correr as suas águas.
Para além do burburinho dessas águas, ouve-se o silêncio. E este silêncio é o que mais me fascina em Oseira.
O Mosteiro continua mágico. A luz emurchecida deste fim de tarde empresta uma certa melancolia a estas velhas pedras, já tão gastas pelo tempo.
E a guerra, lá longe, parece acontecer noutro planeta.
Entre a harmonia de Oseira e o caos do Afeganistão, todo um mundo se agita no medo.
Espero que Bin Laden seja péssimo em Geografia, e ignore que, algures, nas montanhas da Galiza, existe um bosque e um riacho, e junto a eles um Mosteiro, onde Deus (ou o Alá dele) se refugia, sofrido com o desvario das suas criaturas, criadas para serem perfeitas e usufruírem do Bem, do Bom e do Belo.
Sinto que o murmúrio do riacho é o lamento de Deus.
Oseira,26 de Outubro de 2001
Isabel A. Ferreira
domingo, 26 de setembro de 2010
Órgão de LORVÃO
O concurso internacional para o restauro do órgão ibérico foi publicado na passada terça-feira em Diário da República. Com um valor base de 670 mil euros, o concurso inclui, para além da recuperação do órgão, a conservação e restauro da caixa e tribunas adjacentes e montagem do novo instrumento sonoro, com restauro dos elementos existentes e execução de novos em falta.
O prazo de execução da empreitada é de um ano, após a adjudicação e as propostas devem ser apresentadas, até ao final do mês de Outubro, à Direcção Regional da Cultura do Centro.
Recorde-se que o processo de recuperação do órgão do Lorvão se iniciou há mais de duas décadas e acabou por gerar um verdadeiro “imbróglio”, que obrigou a recorrer aos tribunais, na sequência de um conflito aberto com o organeiro. As peças chegaram a andar “quase perdidas”, mas no início deste mês, depois de um moroso processo, foram reunidas e encaminhadas para o seu espaço de origem, o Mosteiro de Lorvão.
O concurso poderá significar que, dentro de pouco mais de um ano, o órgão vai voltar a fazer-se ouvir. Até lá, o Dia da Música também contempla iniciativas no Lorvão e se não há acordes, pelos menos estará previsto um seminário, promovido pela Direcção Regional da Cultura, dedicado à música.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Tarouca 2010
O tema principal do seminário é "O Imaginário e o Património de Cister no Douro".
Estão já anunciados os seguintes conferencistas: Aires do Nascimento, Frei Geraldo Coelho Dias, Pedro Barbosa, Frei José Luís Farinha (monge cisterciense do mosteiro de Sobrado - Galiza), Ermelindo Portela, José Manuel Anes, João Vaz, João Neto, Maria do Céu Tereno, Carlos Guardado, Maria Amélia Albuquerque, Rui Rasquilho, Angélica Varandas, Leonor Garcia da Cruz, Ricardo Magalhães, Ana Dias, António Maduro, Ana Martinho, José Albuquerque Carreiras, Irene Bien (Charte de Cister), João Pedro Ribeiro.
Divulgaremos o programa logo que esteja disponível.
Aconselhamos vivamente a participação neste evento.
Informações em semtarouca@gmail.com
sábado, 17 de julho de 2010
Mosteiro de Santa Maria de Seiça
A maioria dos monges, de famílias pobres, sem recursos para viajar, terminaram os seus dias na maior pobreza, alojados em pequenos casebres, no Lugar do Copeiro, povoação onde pelos finais do século XVI se fixaram algumas famílias de oficiais canteiros e pedreiros, responsáveis pelas diversas campanhas de obras efectuadas no mosteiro ao longo dos séculos XVI e XVII.
Este ano, a 14 e 15 de Agosto, festeja-se mais uma vez Nossa Senhora de Seiça, excelente motivo para uma romaria á Sua capelinha e saborear um bom farnel à sombra do velho mosteiro.
domingo, 20 de junho de 2010
Presença cisterciense em Portugal
Tel: 253391045 / 917850936
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Brasão de SANTA MARIA DE SEIÇA
Após a exclaustração de 1834, o património da igreja do mosteiro foi delapidado, salvando-se algumas importantes peças de arte sacra distribuídas por algumas igrejas e capelas da região.
O altar Mor da igreja paroquial de Samuel, em talha dourada do século XVIII, tem a emoldurá-lo o brasão de Santa Maria de Seiça, único exemplar conhecido. Na mesma igreja pode ainda admirar-se, no altar lateral do lado do Evangelho, uma representação das Santas Mães, em pedra de Ançã, igualmente proveniente da igreja do Mosteiro. As obras de arte da fachada da igreja de Samuel, datadas de 1613, - portal com janela de avental sobreposta - são provenientes da oficina do mestre canteiro Mateus Rodrigues, «...mestre das obras de Ceiça...» documentado como mestre de obras de Seiça entre 1598 e 1637, a quem devemos a trasladação dos edifícios conventuais de Santa Maria de Seiça do lado Sul do mosteiro para o lado Norte, devendo-se-lhe, muito provavelmente, também as obras de ampliação da igreja.
Hermínio Nunes
segunda-feira, 24 de maio de 2010
SEDENTA DO VERDE DA FOLHAGEM...
As palavras que ouço os pássaros cantar são as que escrevo, iluminadas pela luz verde que emana do bosque, onde os castanheiros florescem...
Bebo sofregamente o verde desse bosque, para levá-lo no meu olhar, na hora de partir...
E quando ao entardecer, entre a selva da cidade, ouvir os sinos da Igreja tocar, ao fechar os olhos, terei diante de mim aquele bosque que toca o céu de Oseira...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Conferência de Fr. José Luís Farinha
Com o Papa no CCB
terça-feira, 4 de maio de 2010
CARTA DE FREI DAMIÁN_2
VIRGEM CISTERCIENSE (+1256)
Fue la menor de las tres santas princesas hijas de Sancho I de Portugal y Aldonza de Aragón. Educada en honda piedad, como se estilaba en un hogar donde una madre virtuosa marcaba la pauta que debía seguirse en la educación de sus hijos, pasamos por alto todo cuanto pudiéramos decir sobre este punto y nos situamos de lleno en el punto culminante de su vida, que a mi modo de ver está en que iba a ser esta princesa una víctima más de los manejos humanos en una época en que los matrimonios los concertaban las personas allegadas de la familia, sin tener en cuenta para nada las circunstancias de los contrayentes, aunque hubiera entre ellos grandes diferencias de edad, como le iba a suceder a Mafalda. Las razones de Estado mandaban sobre todas las aspiraciones de los jóvenes que habían nascido en un palacio real.
Acababa de bajar al sepulcro Alfonso VIII de Castilla, y el Conde de Lara aprovechó para tomar las riendas del reino castellano, así como la tutela de Enrique I, heredero del trono, que sólo contaba once o doce años, en contra de los derechos de su hermana doña Berenguela a quien correspondía la regencia, según testamento de su padre, a la que encerró en el castillo de Autillo para que no diera guerra. El de Lara no quería que una mujer se encargara del gobierno del Estado, sobre todo si la interesada era persona de carácter, como lo era Berenguela, hija mayor de Alfonso VIII, quien hubiera entorpecido sus pretensiones ambiciosas. En cambio, la corona de la cabeza de un rapazuelo le daba pie para mangonear a sus anchas, hasta que llegara su mayor edad, y entre tanto él era el amo de Castilla.
Con objeto de afianzarse en estos planes, ideó desposar al pequeño infante buscándole una princesa. Acudió a la corte portuguesa, y no obstante el mal resultado que había tenido Teresa, la hermana mayor de los reyes portugueses, aceptaron éstos en la misma forma que hicieron con aquella en desposar a Mafalda con el pequeño príncipe, sin tener en cuenta, además que le doblaba la edad, podía ser su madre. Celebráronse los esponsales en 1215, aplazando para más tarde celebrar el matrimonio.
Entretanto, doña Berenguela dio cuenta en Roma de la situación, como se habían celebrado los esponsales sin la consabida dispensa del grado prohibido entre ambos consortes. El papa anuló los esponsales, por lo que quedaba frustrado el proyectado matrimonio. Poco después, hallándose el infante jugando con los chavales en el patio del palacio episcopal de Palencia, fallecía víctima de caída casual o intencionada de una teja del alero, quedando la princesa lusitana libre de todo compromiso para volver a su tierra, con la flor de la virginidad intacta, pues no es creíble que siendo un niño el prometido, convivieron juntos, fuera de que no existió verdadero matrimonio entre ambos.
Después de este fracaso, que no la cogió de sorpresa, pues conocía perfectamente el caso de su hermana Teresa, que tuvo que dejar el trono de León unos años antes por imposiciones de la Santa Sede, a causa de haber contraído matrimonio en grado prohibido sin haber obtenido antes la dispensa. Regresó a Portugal, y no quiso saber más de matrimonios, sino imitó el ejemplo de las dos hermanas, Sancha y Teresa, quienes habían optado por Cristo ambas, reformando cada una de ellas un monasterio – Lorvão y Celas – y haciéndose religiosas en los mismos.
Seguiría su ejemplo. Aprovechó que su padre le había dejado en el testamento la protección del monasterio de Arouca, se recluyó en él, abrazó la vida monástica y fue un dechado de perfección, entregándose a realizar continuas obras de caridad con los pobres y viviendo en plenitud el carisma cisterciense, con perfección tal que logró la muerte de los santos en el año 1256. La villa de Arouca la tiene como patrona insigne y celebra su fiesta anual todos los años el día 2 de mayo, fecha en que Crisóstomo Henriquez recoge su memoria en el Menologio de la Orden.
P. Damán Yáñez
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Festas de SANTA MAFALDA
terça-feira, 27 de abril de 2010
Pensamentos de S. Rafael Arnáiz
domingo, 25 de abril de 2010
CARTA DE FREI DAMIÁN_1
En esta segunda entrega al blog de Alburquerque, quiero presentar a la faz de los portugueses esta figura prócer del calendario de la Iglesia Universal que acaba de estrenar este honor de los altares. Efectivamente, el 11 de octubre pasado fue canonizado el Beato Rafael Arnáiz Barón, monje cisterciense de la abadía de San Isidro de Dueñas (Palencia), a quien tuve el gran privilegio de conocer y convivir con él en el noviciado en el año 1934. Es más, Dios ha querido que fuera el instrumento de que se sirvió para tratar promover la causa de la beatificación, colaborando también a la canonización del mismo. Nacido en Burgos en 1911, se trasladó a Oviedo con la familia en 1922. Formado en colegios de la Compañía de Jesús, en 1930 ingresa en la Escuela de Arquitectura de Madrid. Cuatro años más tarde, solicita el ingreso en la Trapa de San Isidro de Dueñas, donde me hallaba yo de novicio, recibiendo el hábito monástico en febrero del mismo año.
En las cartas que escribía a sus padres en sus primeros días les decía que era el hombre más feliz de la tierra, pero a los cuatro meses de estancia allí, se le declaró una diabetes sacarina que le obligó a regresar al mundo, donde permaneció dos años, y al verse restablecido, solicitó de nuevo el ingreso. Otra vez volvió a recaer de la misma enfermedad. Así anduvo entrando y saliendo, hasta 1937 en que pudo ingresar definitivamente en el mes de diciembre. Pero pasados los cuatro meses de ingresar, un 26 de abril de 1938, el Señor le llevó para sí, a los 27 años, dejando entre sus hermanos fama de verdadero santo. Quien desee conocerle un poco, tenéis los portugueses mi libro SABER ESPERAR, que acaba de publicar Ediciones Paulinas de Lisboa. Se trata de una selección de pensamientos sacados de los escritos de este joven, que son una verdadera maravilla. Me consta que para muchos les sirve de lectura de cabecera. Es la primera obra que hice sobre él en el año 1962 y está difundida por todo el mundo, traducida a varios idiomas. Esta edición portuguesa lleva un prólogo extenso en el cual ofrezco un resumen de su vida, para que todos le puedan conocer un poco. En español hay por lo menos unos cuarenta o cincuenta volúmenes, y están apareciendo de continuo otros nuevos. Las editoriales que más han publicado son el Monte Carmelo y el Perpetuo Socorro. Se cree que le van a nombrar Modelo de Juventud para la próxima concentración de jóvenes en Madrid el próximo año 2011. Rafael dejó un mensaje escrito formidable, que cualquiera que lo lea queda conquistado para Cristo o vivir santamente en el mundo. Muchos quieren que en vez de Modelo, se le nombre NUEVO PATRONO DE JUVENTUD, precisamente por ese mensaje tan conmovedor.
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terça-feira, 20 de abril de 2010
Mosteiro de Santa Maria de SEIÇA
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Frei Damián aos portugueses
Lo primero que se me ocurre decir es que soy un entusiasta empedernido de Portugal, sobre todo del Portugal cisterciense que fue tan brillante en tiempos pasados y hoy – es triste decirlo – no conserva más que ruinas de casi todos los monasterios. Desde que llegué a Galicia, hallándonos tan próximas las dos naciones, sentía en el alma que los portugueses sean casi la única nación europea que carezca de monasterios cistercienses abiertos, siendo así que tuvo tantas abadías, sobre todo una – Alcobaça – que quizá no tenga par en la Península Ibérica, y muy pocas en Europa. Me dio pena que esto pueda continuar así. Tenemos que poner remedio, pero entre todos.
Los monjes de Oseira desde hace por lo menos treinta años, hemos seguido con gran ansiedad el deseo de que el Císter florezca de nuevo en Portugal. Yo propuse hace años que el medio mejor sería que vinieran a Oseira media decena de jóvenes por lo menos, se formaran aquí durante cinco o seis años, y luego, con un español o dos, ya teníamos para comenzar la fundación, con ocho o diez monjes.
De momento tenemos un novicio que está haciendo el segundo año de noviciado, y el mes que viene ha prometido ingresar un joven de Bragança. De ordinario, los que se sientan con inquietudes de servir a Dios, se ponen en contacto con el padre Abad del monasterio, y concretan venir por aquí a hacer una experiencia, para que conozcan esta vida, y los monjes les conozcan a ellos, y luego, si les agrada, se incorporan a la comunidad cuando llegue la hora.
En este blog, si el Señor me conserva la vida y la cabeza tan despejada como la tengo hoy, prometo ofrecer mucha información de todo tipo, pues tengo la suerte de ser historiador y conocer bastante el Císter hispano-portugués. Además, puedo contestar las preguntas que me hagan los portugueses que sientan un poco de vergüenza por no ser continuadores del floreciente Císter portugués, como hemos hecho los españoles, que tenemos abiertos de quince a veinte monasterios de varones y más de cincuenta de mujeres.
En la próxima entrega hablaré de mi querido compañero de noviciado San Rafael Arnáiz Barón, una gran figura de la Iglesia recién canonizado.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Encontro de S. Cristóvão de Lafões
terça-feira, 30 de março de 2010
DEUS DISSE...
pelos pássaros,
numa pétala, pelas flores.
quando os seixos se falam,
e discuto com a espuma,
quando a espuma se põe a discutir.
Utilizo da aragem as palavras
no temporal,
e do Bóreas às vezes umas frases.
Tenho o longo discurso de uma estrela,
sob o céu constelado.
Não tenho língua própria:
eu comunico
sem estar certo de que me compreendam.»
in «O TORMENTO DE DEUS», de Alain Bosquet
terça-feira, 16 de março de 2010
Frei Damián
segunda-feira, 8 de março de 2010
Congresso em 2012
segunda-feira, 1 de março de 2010
ENTREGA...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Sermão de S. Bernardo
“Escuchemos: Convertíos a mí de todo corazón. Hermanos, si sólo hubiera dicho: convertíos, sin añadir más, quizá podríamos responder tranquilamente: “Ya lo hemos hecho,puedes mandarnos otra cosa”. Pero yo creo que aquí nos pide una conversión espiritual, que no se consigue en un día. ¡Ojalá pueda realizarse a lo largo de nuestra vida corporal! La simple conversión corporal no vale nada. Sería una conversión ficticia, no real; una virtud hueca so capa de piedad. ¡Qué miserable es el hombre que se entrega exclusivamente a lo exterior e ignora su interioridad! Se tiene en algo, siendo pura nada, y él mismo se engaña. Estoy como agua derramada -dice el salmista poniéndose en lugar de ese hombre- y tengo los huesos descoyuntados. Otro profeta añade: Los extranjeros le han comido su vigor, y él sin enterarse. Atento a lo exterior, piensa que todo lo demás está sano y no advierte el gusano escondido que roe sus entrañas. Conserva la tonsura, no ha colgado los hábitos, observa los auyunos regulares, salmodia a las horas establecidas, pero su corazón está lejos de mí, dice el Señor”.
(Bernardo de Claraval, Sermones litúrgicos (1º.), sermones en el tiempo de Cuaresma, 2, a cargo de los monjes cistercienses de España, BAC 469, Madrid 1985, p. 415).
sábado, 20 de fevereiro de 2010
HOMILIA DO JUÍZO FINAL
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
O PODER DE DEUS...
Rabindranath Tagore
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Mosteiro de Cástris
O ACENO DE DEUS...
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
FUGAZ ENCONTRO...
O Sol da manhã projectava sombras fugidias entre o arvoredo.
As águas do riacho cantavam baixinho, não fossem despertar o silêncio.
Era cedo ainda.
Entretanto, Deus, que por ali se enternecia com a beleza serena da Natureza que criara, entreteve-se a pintar naquelas águas límpidas, onde o céu de um azul resplandecente se mirava, a folhagem que vestia as centenárias árvores, de um verde inebriante.
E o pequeno riacho encheu-se então de cor e de formas, transformando-se numa efémera obra de arte, que o meu olhar tornou eterna.
Eu também andava por ali, embevecida com a paisagem. Senti o suspiro de Deus, quando a folhagem se agitou levemente. Movia-me com cuidado, para não perturbar o fascínio da manhã.
Olhei então as águas do riacho, e nelas contemplei, por breves momentos, aquele quadro impressionista, pintado (sabia-o eu) pelas mãos invisíveis do mais talentoso entre os demais talentosos pintores.
Eu não vi Deus com os meus olhos mortais, quando me passeava por entre o arvoredo, grandioso e belo… Captei simplesmente a Sua presença, ali, entre toda aquela beleza, que homem algum jamais poderá igualar, com a minha alma que sei imortal, e tento manter liberta, para que possa desfrutar destes, ainda que fugazes, encontros com que Deus me recompensa do tormento que é viver numa selva de pedra.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
A ESPIRITUALIDADE QUE ME CATIVOU
Foi aqui, no silêncio deste belíssimo claustro, que então descobri a espiritualidade cisterciense. Pisando aquelas velhas pedras, ao cair da tarde, quando o Sol, que se vai, deixa marcado no chão o desenho das vidraças, sentindo o silêncio, onde Deus vive, arrebatou-me um sentimento estranho: era como se aquelas pedras me sussurrassem os seus antiquíssimos segredos, histórias de monges, que ergueram aquelas ruínas para viverem uma vida solitária, com Deus.
A vida cisterciense é essencialmente contemplativa, sem nenhum ministério externo. Os monges não arrebanham ovelhas. Esperam que elas vão até eles por livre iniciativa, por inteira vocação.
Em Oseira predomina a espiritualidade monástica, e segundo palavras de Frei Damián, talvez se devesse a esta perenidade de valores, a afluência, naquela altura, de jovens a Cister.
Apesar da austeridade da vida monástica cisterciense, ela está adaptada aos tempos de hoje. O dia começa às quatro da manhã e termina às nove e meia da noite, sendo repartido entre a oração e o trabalho, num tal equilíbrio que não torna monótono o seu quotidiano. Há também tempo livre para a formação espiritual e científica, para ler, ou simplesmente passear e partilhar com Deus a Natureza envolvente: um belíssimo bosque e um riacho.
E foi ali, no Mosteiro de Oseira, onde nas mãos da Virgem Maria os monges colocam o mérito de uma vida de total consagração a Deus, que eu própria me reencontrei com Deus.
Mérito, que conforme escreveu Frei Damián, «não deixará de ser aceite aos olhos de Deus, quando é oferecido por mãos virginais, que no sentir de São Bernardo, estão impregnadas do perfume das açucenas».
E esse perfume sente-se quando ao cair da tarde, nos passeamos no claustro, pisando um chão de luz...
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Santos Roberto, Alberico e Estêvão Harding
- E quais são os valores fundamentais do projecto monástico do Novo Mosteiro? – Creio que os valores essenciais são: uma vida monástica marcada pela simplicidade nas relações fraternas, na liturgia e na vida espiritual; uma vida monástica orientada para uma busca interior do rosto de Deus através de uma pobreza voluntária e do afastamento do bulício mundano.
Que o Espírito Santo nos anime a viver o carisma cisterciense herdado dos Padres Fundadores, Roberto, Alberico e Estêvão Harding, juntamente com os demais monges que os acompanharam, e assim possamos transmitir às futuras gerações o dom recebido. A paz esteja convosco!
Fr. José Luís Farinha (ocso)
domingo, 24 de janeiro de 2010
Profissão solene (2)
Profissão solene (1)
Benção Abacial
A solenidade foi presidida pelo Senhor Bispo de Ourense.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
A Família Cisterciense
Graças à acção de S. Bernardo de Claraval, o movimento cisterciense (de Cistercium, nome latino de Cister) propagou-se por toda a Europa,reunindo cerca de 500 mosteiros em finais do século XIII.
Hoje em dia, os mosteiros da família cisterciense agrupam-se em várias Ordens e Congregações:
- Ordem Cisterciense (O. Cist.), também dita da Comum Observância
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Mensagem de SOBRADO
Escuta filho…
“Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração…” Com estas palavras começa S. Bento a sua regra monástica, querendo assim indicar ao monge que a escuta atenta deve ser a sua atitude vital para viver em fidelidade a sua vocação. Esta é também a atitude que Deus pediu ao Povo de Israel para que vivesse em fidelidade à Aliança: «Escuta Israel, O Senhor é o nosso Deus, O Senhor é único» (Dt 6,4). Para o autor do livro do Deuteronómio, a fidelidade e a salvação de Israel decidem-se na atitude de escuta, ou não, da voz do seu Deus. Por isso encontramos o queixume de Deus: «Mas o meu povo não quis ouvir-me, Israel não quis obedecer…» (Sl 80,12) como sendo este o pecado fundamental, não só do Povo de Israel, mas de todo o ser humano. S. Bento, como mestre experimentado na vida monástica que é, sabe que a disponibilidade para ouvir e acolher a voz de Deus, que ressoa no fundo do coração de cada ser humano e na Escritura Santa, é o caminho que levará o monge (e todo o ser humano) até àquela Fonte Viva donde jorra toda a vida. A “audição” que S. Bento inculca não é somente a auricular, mas sobretudo a “audição do coração” (inclina o ouvido do teu coração), uma audição sapiencial dos desejos e anelos mais profundos do coração humano e uma leitura sábia da existência humana e do cosmos. Ouvir o coração não é uma tarefa fácil, pois nele se cruzam sentimentos e afectos contraditórios, está poluído por muitos ruídos e imagens, está ferido por muitos desenganos e frustrações, é agitado por muitos desejos e paixões vazias de sentido. O homem pós-moderno, cidadão da sociedade tecnológica, tornou-se um consumidor voraz de sons e imagens, mas sem lhes prestar atenção, apenas as utiliza para distrair-se da solidão e das angústias que o habitam, e para evitar encontrar-se consigo mesmo. O homem tecnológico vive de costas para o seu próprio coração, orientando-se principalmente pelos instintos e desejos imediatos que podem dar-lhe uma satisfação instantânea e efémera. Vivemos longe de nós mesmos. Para ouvir o coração e encontrar-se consigo mesmo é necessário o silêncio, “artigo” tão valioso nos nossos dias, porque raro e escasso. No entanto, o silêncio, enquanto ausência de ruídos, é ainda relativamente fácil de encontrar e produzir, o mais custoso é o silêncio do coração, isto é, um coração ordenado e pacificado, um coração unificado e orientado para Aquele que pode encher em plenitude o coração do ser humano: “Fizestes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Vós” (S. Agostinho, As confissões). Quando o ser humano começa a pôr ordem no seu coração, emerge a voz d’Aquele que nele habita e pode dizer com o salmista (Sl 26): “Diz-me o coração: procurai a sua face. A vossa face Senhor eu procuro: não escondais de mim o vosso rosto”. Assim, o caminho espiritual monástico consiste essencialmente em buscar o rosto de Deus trabalhando a pacificação e unificação do coração através do silêncio e da escuta da Palavra de Deus. Por isso a Regra beneditina começa justamente com a exortação: “escuta filho…”, disposição sem a qual não se pode ser verdadeiro monge. Entre os muitos testemunhos que a vida monástica dá ao mundo contemporâneo, creio que este testemunho de viver a partir do coração pacificado e harmonizado, viver a partir de si mesmo, aceitando com humildade aquilo que somos e confiando na infinita bondade de Deus, é algo importantíssimo para o crescimento humano e espiritual do homem crente do século XXI.
Como monge cisterciense (português) é com imensa alegria que partilho convosco, neste espaço cibernético dedicado à Ordem de Cister, esta pequena reflexão sobre aquilo que constitui o cerne da nossa vocação monástica cisterciense: ser buscadores de Deus em escuta atenta da sua voz. A paz esteja sempre convosco!
Fr. José Luís Farinha
(monge de Sta Maria de Sobrado)
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
EXÓRDIO DE CISTER (I)
Entre os vários documentos que possuo sobre a Ordem de Cister encontrei esta maravilha ilustração em forma de iluminura, denominado Exórdio de Cister, que nos conta como tudo começou, antes de aparecer São Bernardo de Claraval.
I – DE COMO OS MONGES CISTERCIENSES PARTEM DE MOLESMES
É sabido que na diocese de Langres há um célebre mosteiro chamado Molesmes, de uma religiosidade exemplar. Desde a sua fundação, em pouco tempo, a divina clemência o embelezou com os grandes dons da sua graça, enobreceu-o com homens ilustres e fê-lo tão abundante em possessões como pré-claro em virtudes. Porém, como as riquezas e as virtudes não costumam ir muito tempo lado a lado, alguns homens sábios daquela santa comunidade, compreendendo bem isto, preferiram ocupar-se das coisas celestiais mais do que dedicar-se a negócios terrenos, por isso, todos aqueles que amavam as virtudes logo começaram a ter saudades da pobreza, fecunda em homens fortes. Ao mesmo tempo davam-se conta de que, se ali bem se vivia santa e honestamente, observava-se, no entanto, menos a Regra que haviam professado, do que era seu desejo e propósito. Falaram uns com os outros das suas inquietudes e trataram entre si sobre o modo como haviam de realizar o versículo: «Cumprirei os votos que meus lábios pronunciaram».
EXÓRDIO DE CISTER (II)
Então partiram vinte e um monges, juntamente com o Padre daquele mosteiro, Roberto, de bem-aventurada memória, e de acordo com a vontade de todos, procuraram levar a cabo, de comum acordo, o que num mesmo espírito haviam concebido. Portanto, depois de muitos sacrifícios e grandes dificuldades, os quais devem padecer todos quantos querem viver piedosamente em Cristo, guiados pelo seu desejo, chegaram a Cister, que era então um lugar horrível e de uma solidão imensa. Porém, os soldados de Cristo, entenderam que a austeridade do lugar não se afastava do árduo propósito que o seu espírito havia já concebido, de modo que, como se deveras houvesse sido preparado por Deus para eles, agradou-lhes tanto aquele lugar como amável era o ideal a que se haviam proposto.
II. DO INÍCIO DO CENÓBIO DE CISTER
Assim, pois, no ano de 1098, da Encarnação do Senhor, seguros do apoio e protegidos pela autoridade do venerável Hugo, arcebispo de Lyon e então legado da Sede Apostólica, do piedoso Galtério, bispo de Chalon e do nobilíssimo príncipe Odon, duque de Borgonha, começaram a construir uma abadia, naquele ermo que haviam encontrado, depois do referido Abade Roberto ter recebido das mãos do bispo daquela diocese de Chalon o báculo pastoral, assegurando aos demais a estabilidade naquele lugar, debaixo da sua autoridade.
EXÓRDIO DE CISTER (III)
Ao fim de algum tempo, sucedeu que o Abade Roberto, a pedido dos monges de Molesmes, a mando do Papa Urbano II e com a autorização e consentimento do Bispo Galtério de Chalon, teve de regressar a Molesmes, ficando no seu lugar Alberico, varão piedoso e santo. A fim de conservar a paz entre ambas as comunidades decidiu-se, com a confirmação da autoridade apostólica, que a partir de então nenhuma delas recebesse no seu seio nenhum monge da outra sem uma carta de recomendação. Feito isto, em pouco tempo, graças ao cuidado e destreza do novo Padre, e com a inestimável cooperação de Deus, o novo Mosteiro progrediu em santidade de vida. Resplandeceu através da sua boa fama, cresceu nos bens necessários.
Porém, o homem de Deus, Alberico, ao décimo ano, alcançou o prémio da suprema vocação, atrás da qual havia corrido, e não em vão, durante nove anos. Sucedeu-lhe Dom Estêvão, de nacionalidade inglesa, que amava com grande ardor e buscava com fidelíssimo zelo a vida religiosa, a pobreza e a disciplina da Regra.
No seu tempo, concretizou-se verdadeiramente aquilo que está escrito: «Os olhos do Senhor olham os justos e os seus ouvidos ouvem as suas orações». Porque aquele reduzido rebanho, só lamentava ser pequeno, e os pobres de Cristo só temiam isto, e na verdade temiam-no quase até ao desespero: não poder deixar herdeiros da sua pobreza. Pois os homens que se aproximavam, se bem honravam a sua santidade de vida, horrorizavam-se perante a sua austeridade, de modo que, os mesmos que se acercavam, enlevados, afastavam-se no momento de a porem em prática.
EXÓRDIO DE CISTER (IV)
Deus, para quem é fácil fazer grandes coisas a partir de pequenas coisas, e muito, do pouco, contra toda a expectativa, moveu os corações de um grande número a imitá-los de tal modo que chegaram a conviver juntos no noviciado até trinta, entre clérigos e leigos, que tinham sido nobres e poderosos segundo os critérios deste mundo. A partir desta visita do Céu tão repentina como deleitosa, com razão começou a regozijar-se a estéril que não havia dado à luz e a abandonada chegou a ter muitos filhos.
E Deus não cessou de multiplicar a sua família dia a dia, nem de aumentar a sua alegria tanto que, ainda antes que se completassem doze anos, a mãe pôde ver, ditosa, como rebentos de oliveiras ao redor da sua mesa, até vinte padres de mosteiros formados pelos seus próprios filhos e pelos filhos dos seus filhos.
Não se considerou inadequado que, se se abraçava a forma de vida de São Bento, se imitasse também o seu exemplo. Uma vez que desde o início a planta nova começou a dar novos ramos, o venerável Padre Estêvão, com vigilante sagacidade preparou um documento de admirável discrição, como uma poda para cortar os surtos das cisões que se crescessem algum dia, poderiam frustrar o esperado efeito da paz mútua.
Por isso, acertadamente, quis que o documento fosse chamado Carta de Caridade, porque todo o seu conteúdo só se refere ao que diz respeito à caridade, de modo que todo ele parece apenas perseguir nada mais que: «Não estejais em dívida com ninguém, a não ser no amar-vos uns aos outros».
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
LIVRO: Cister a sul do Tejo
A Professora Doutora Maria Antónia Conde apresentará o seu livro "Cister a sul do Tejo" no próximo dia 27 de Janeiro, pelas 17.30H, na Universidade de Évora, e no dia 5 de Fevereiro, pelas 18H, na Biblioteca Pública de Évora.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Mensagem de OSEIRA
Mensagem de Dom Juan Javier Martín Hernández, Abade do Mosteiro Cisterciense de Oseira
Queridos lectores de este blog recién inaugurado y queridos amigos del Cister en Portugal: un saludo de paz y mis mejores deseos para este año recién inaugurado. Todavía resuenan en nuestro corazón y en nuestras mentes los acontecimientos vividos en Braga y Oseira la primera semana de octubre del pasado año. En efecto el IV Congreso de Cister en Galicia y Portugal, con la temática del Camino de Santiago, las peregrinaciones y la figura de San Famiano nos han enriquecido a todos. Tardaremos tiempo en asimilar todo lo que 2009 nos ha dejado, al menos para los monjes de Santa María la Real de Oseira. No ha sido menos importante la canonización de San Rafael Arnaiz Barón por S.S. Benedicto XVI en Roma el 11 de octubre pasado. Como ya dijimos en varios foros el primer santo de la Orden del Cister públicamente reconocido y el último, San Famiano y San Rafael marcan para nosotros un momento de gracia muy particular que esperamos saber vivir y sacarle partido.
Con ocasión de la peregrinación a Roma pudimos visitar Galesse, la ciudad donde se encuentra el cuerpo incorrupto de nuestro Santo San Famiano, peregrino alemán, monje de Oseira. Como ya desde el siglo XII, Famiano no nos ha visitado nunca, somos nosotros, la comunidad de Oseira los que debemos acercarnos a Galesse para rezar y saludar a nuestro HERMANO FAMIANO, monje de Oseira, que intercede por nosotros.
Y de San Rafael podemos decir que, resulta paradójico que en la Jornada Mundial de la Juventud en Santiago de Compostela de 1989, S.S. Juan Pablo II lo presentara como modelo de juventud y un servidor que aun era un jovencito que peregrinaba con la diócesis de Toledo, acogiera en medio de la multitud este mensaje con tanta fuerza... que Dios quiso por medio de Él, concederme el don de la vocación monástica cisterciense. Y todo esto en el marco de una peregrinación jacobea...
Famiano, Rafael, SANTIAGO... tres figuras, tres santazos, tres modelos y guías que marcan nuestro camino.
Sin duda lo he dicho muchas veces, lo más importante de todo este conjunto de eventos que tal vez tocan tangencialmente la vocación monástica, es el interés y el conocimiento de un carisma, de una vocación que ¡ÓJALA! anime a muchos jóvenes portugueses a preguntarse por el Cister y la vocación a dejarlo todo y seguir al Señor en el retiro de una vida contemplativa dedicada a la alabanza divina, al trabajo y a la oración. Dejemos al Espíritu Santo hacer su papel y mover los corazones como suelo hacer. Nosotros preparémonos para acoger los pequeños o grandes frutos que todo evento eclesial suscita.
No hace muchos días hemos podido compartir un dialogo rico sobre el eco que el IV Congreso Internacional de Cister suscito en Portugal. Creo que este año Santo Compostelano, debe ser ocasión para que los amigos y miembros de APOC, nos reunamos tal vez en OSEIRA, un fin de semana, aprovechando la presentación de las Actas del Congreso y aprovechando la ocasión para peregrinar juntos a Santiago.
A estos tres Santos, al "AMIGO DEL SEÑOR", al "Monje-Peregrino" y al "enamorado de la Cruz del Señor" debemos pedir que intercedan para que si es voluntad de Dios... la refundación del Cister masculino en Portugal sea pronto una realidad. Las vocaciones autóctonas son sin duda el mejor detonante... Con mis mejores deseos y bendición: fr. Juan Javier Martin Hernández. Abad de Santa María la Real de Oseira