segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
EXÓRDIO DE CISTER (IV)
Deus, para quem é fácil fazer grandes coisas a partir de pequenas coisas, e muito, do pouco, contra toda a expectativa, moveu os corações de um grande número a imitá-los de tal modo que chegaram a conviver juntos no noviciado até trinta, entre clérigos e leigos, que tinham sido nobres e poderosos segundo os critérios deste mundo. A partir desta visita do Céu tão repentina como deleitosa, com razão começou a regozijar-se a estéril que não havia dado à luz e a abandonada chegou a ter muitos filhos.
E Deus não cessou de multiplicar a sua família dia a dia, nem de aumentar a sua alegria tanto que, ainda antes que se completassem doze anos, a mãe pôde ver, ditosa, como rebentos de oliveiras ao redor da sua mesa, até vinte padres de mosteiros formados pelos seus próprios filhos e pelos filhos dos seus filhos.
Não se considerou inadequado que, se se abraçava a forma de vida de São Bento, se imitasse também o seu exemplo. Uma vez que desde o início a planta nova começou a dar novos ramos, o venerável Padre Estêvão, com vigilante sagacidade preparou um documento de admirável discrição, como uma poda para cortar os surtos das cisões que se crescessem algum dia, poderiam frustrar o esperado efeito da paz mútua.
Por isso, acertadamente, quis que o documento fosse chamado Carta de Caridade, porque todo o seu conteúdo só se refere ao que diz respeito à caridade, de modo que todo ele parece apenas perseguir nada mais que: «Não estejais em dívida com ninguém, a não ser no amar-vos uns aos outros».
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